Escalabilidade em negócios: como o cloud computing pode impulsionar o crescimento sustentável

Escalabilidade é um conceito que entrou em cena no período da Revolução industrial. Conhecida em sua origem como “produção em massa”, caracterizou-se pelo momento em que as fábricas começaram a buscar meios de aumentar sua produção sem aumentar relativamente os custos.

A partir dos anos 90, quando começaram a surgir as primeiras startups no Vale do Silício (Sillicon Valley – o centro de inovação e tecnologia no mundo, situado na região da Califórnia, nos Estados Unidos), a escalabilidade começou a ser evidenciada como um dos grandes diferenciais entre empresas tradicionais e startups. Em outras palavras, era uma das dimensões que caracterizava o surgimento de um novo modelo de negócios, com grande capacidade de crescer rapidamente e de forma eficiente.  

No atual cenário corporativo, impulsionado pela era digital, a escalabilidade se tornou uma dimensão extremamente importante para o crescimento sustentável de qualquer modelo de negócios que vise garantir alta produtividade e vantagem competitiva. O que anteriormente compunha apenas o universo de startups e empresas de tecnologia, hoje começa a estar presente também em organizações que não são do setor tech.

Considerando a escalabilidade como a capacidade que uma empresa, ou sistema, possui de crescer atendendo às demandas sem perder as qualidades que lhe agregam valor, ser escalável significa apresentar as três características a seguir:

• Ser ensinável – quando o processo de produção pode ser ensinado a qualquer pessoa, tornando-o flexível para se expandir de acordo com o planejamento realizado;

• Ser valioso – quando o valor é gerado pela oportunidade aliada ao conhecimento único, por meio da especialização em uma atividade específica que trará o diferencial entre a concorrência;

• Ser replicável – quando o processo é reproduzível e capaz de gerar receita recorrente, ou seja, que o modelo de produção funciona e que há mercado para expansão.

Dentro do conceito de escalabilidade está o modelo exponencial que é uma evolução do modelo escalável. Em outras palavras, organizações exponenciais são aquelas que cresceram de maneira extremamente rápida e disruptiva, utilizando tecnologias de ponta e inovação contínua para escalar rapidamente de forma sustentável. Como exemplo se destacam Netflix, Amazon, Google, Microsoft, Airbnb, Uber, iFood, Nubank, entre outras.

Atualmente, existem três importantes categorias que distinguem formatos de organizações potencialmente escaláveis. São elas:

• Marketplace – é um modelo de shopping online, ou seja, um canal de vendas em que a empresa precisa atrair clientes e vendedores para dentro da plataforma por meio de estratégias de marketing, sem a preocupação da logística e compra de produtos, que são de responsabilidade dos lojistas cadastrados. Isso permite que o negócio cresça de maneira escalável, sem a necessidade de grandes investimentos para sua expansão;

• Software as a Service (SaaS) – é um modelo de serviço que permite aos clientes assinarem suas soluções, ou seja, usufruírem do que foi contratado durante o tempo que a assinatura estiver ativa. Com isso, consegue-se atender um alto volume de consumidores sem investir para isso, já que seu produto é facilmente replicável.

• Infoproduto – é qualquer tipo de conteúdo em formato digital que transmite algum conhecimento de maneira organizada para entreter ou gerar engajamento, como cursos online, e-Books, Podcasts, entre outros.

Em empresas com esses formatos, que operam somente através da internet, fica evidente que usem a cloud computing - computação em nuvem - como estratégia fundamental para escalar seus negócios. Porém, ainda não faz parte da realidade de muitas empresas adotar essa relação tão estreita e interdependente entre a internet e a computação em nuvem.  

Definida como a prática de usar uma rede de servidores remotos hospedados na internet para armazenar, gerenciar e processar dados, em vez de um servidor local ou um computador pessoal, ou seja, dispensando, em grande parte das situações, dispositivos físicos para hospedagem e permitindo o acesso em tempo real e remotamente, a cloud computing traz uma série de vantagens para as empresas. Entre elas se destacam:

• Redução de custos – dispensa, em grande parte das situações, a necessidade de investimentos em infraestruturas robustas e manutenção;

• Escalabilidade – permite ajustar os recursos de acordo com a demanda e alterar a capacidade de armazenamento e processamento de forma rápida;

• Acessibilidade – permite acessar arquivos e informações na nuvem de forma remota a partir de diferentes dispositivos, bastando uma conexão com a internet e um aparelho adequado;

• Agilidade – fornece acesso rápido e remoto a recursos de computação escalável, favorecendo a implantação rápida de serviços aproveitando a automação;

• Flexibilidade / Elasticidade – pelo acesso remoto, expansão geográfica e integração simplificada é possível ter acesso e controle de dados em qualquer lugar com internet e em diferentes contas;

• Atualizações e manutenção – atualizações de software, manutenção de infraestrutura e patches de segurança (atualizações que sistemas ou softwares recebem para aprimorar seu funcionamento e segurança) são todos atualizados pelo provedor, reduzindo responsabilidades e gastos da empresa;

• Confiabilidade - os provedores de nuvem contam com medidas de segurança avançadas, como backup automático, replicação de dados e logins autenticados, para garantir a integridade e a disponibilidade dos dados dos usuários. Tais medidas resultam em uma infraestrutura altamente confiável, minimizando o risco de interrupções e perda de dados;

• Segurança – reforçada por meio de medidas como criptografia dos dados, autenticação de usuários, controle de acesso e monitoramento contínuo.

A cloud computing abrange uma variedade de serviços com características e adequações específicas para atender diferentes necessidades empresariais. Entre os tipos principais de serviços se destacam:                

• IaaS - Infraestructure as a Service: É a categoria mais flexível da computação em nuvem. Permite o aluguel de uma infraestrutura de TI completa (servidores e máquinas virtuais, armazenamento, redes e sistemas operacionais) de um provedor de nuvem através da internet. Além da flexibilidade, destacam-se como vantagens a escalabilidade, contratos de pagamento conforme o uso, o total controle do usuário sobre a infraestrutura, podendo instalar e configurar o sistema operacional e os aplicativos conforme suas necessidades. Entre os exemplos mais conhecidos estão: Amazon Web Services (AWS) EC2, Microsot Azure, Google Compute Engine (GCE);

• PaaS - Platform as a Service: É um modelo de serviço que fornece uma plataforma completa para o desenvolvimento, teste e implementação de aplicativos. Isso inclui infraestrutura, ferramentas de desenvolvimento, middleware (software que atua como ponte entre o sistema operacional e os aplicativos, facilitando a comunicação e gestão de dados entre eles) e banco de dados. A PaaS facilita o desenvolvimento e a implementação de aplicativos, permitindo aos desenvolvedores o foco na codificação sem a preocupação com a infraestrutura subjacente. Como exemplos se destacam: Google App Engine, Microsoft Azure App Service, Heroku.

• SaaS - Software as a Service: É o modelo mais conhecido de computação em nuvem, onde são oferecidas aplicações como serviço pela internet. Os usuários não precisam instalar ou gerenciar o software, tudo é gerenciado pelo provedor. Alguns exemplos para ilustrar: Google Workspace, Microsoft 365.     

Pode-se dizer que os fatores que pesarão na escolha entre IaaS, PaaS e SaaS são: os objetivos de negócio, o nível de especialização e recursos em TI, o modelo de custo que melhor se alinhe ao orçamento e ao modelo de negócio e a agilidade de implementação dos serviços. E essa escolha ajudará a definir como uma empresa pode escalar sua tecnologia.

A cloud computing, além de ser considerada a força motriz na transformação digital nas organizações, pode também habilitar as características de escalabilidade em negócios (ensinável, valioso e replicável) para empresas que buscam crescimento sustentável.

Aqui estão alguns exemplos ilustrativos de como podem ser estimuladas essas características:

• Ser ensinável: a computação em nuvem favorece a documentação e padronização de processos, otimizando, por exemplo, o treinamento e a integração de novos colaboradores. Dá acesso a ferramentas de aprendizado, o que permite a implementação de plataformas de aprendizado online para facilitar o treinamento contínuo de equipes.

• Ser valioso: a cloud computing oferece acesso a ferramentas de análise de dados, imprescindíveis para identificar tendências e oportunidades de mercado, favorecendo o foco em áreas que agregam valor ao negócio. O ambiente virtual (nuvem) pode contribuir para uma comunicação mais fluida entre equipes de diferentes localidades, facilitando a troca de conhecimento, o que pode gerar produtos ou serviços únicos para trazer valor ao cliente.

• Ser replicável: Serviços ou aplicativos podem ser replicados em diferentes regiões sem a necessidade de infraestrutura física. A computação em nuvem permite criar sistemas e processos que podem ser facilmente replicados à medida que crescem, como soluções escaláveis. Favorece a experimentação de novos modelos de negócios e receitas, como assinaturas, pagamento por uso e outros, facilitando a adaptação e a replicação de sucesso em novas áreas ou mercados.

Reconhecer essas caraterísticas como universais, independentemente do tamanho, setor e estágio de maturidade digital das empresas, ajuda a compreender o potencial que a cloud computing tem de impulsionar a escalabilidade em negócios.

Empresas que migram para a computação em nuvem tendem a se adaptar mais rapidamente às mudanças do mercado. Podem ajustar seus processos e ofertas sem grandes investimentos em infraestrutura, o que favorece a relação custo-efetividade em distintos setores das organizações.

No entanto, não se deve menosprezar os importantes desafios envolvidos nesse processo de transformação. A migração para a cloud computing impacta diretamente muitos aspectos da organização. Isso inclui a cultura organizacional, a preparação do pessoal, a possível integração com sistemas legados (sistemas robustos pré-existentes), enfim, aspectos que tocam a essência de qualquer organização.

Considerando a complexidade técnica e estratégica envolvidas na migração para a computação em nuvem, é fundamental que esse processo seja conduzido por um especialista de TI para assegurar seu sucesso. Criar uma base tecnológica sólida na nuvem amplia o horizonte de possibilidades para o crescimento e a inovação das organizações.