Inovação e Tecnologia
Desafios e oportunidades: o que esperar do futuro do trabalho
Natália Ribeiro
em
24 de jun. de 2024
A tecnologia está cada vez mais presente no dia a dia das pessoas. O que antes pertencia apenas ao mundo da ficção, está hoje transformando a maneira de ser e de pensar o mundo. O universo corporativo retrata bem como esse processo vem acontecendo. Repensar paradigmas se tornou uma prática constante na rotina dos líderes. Responder ao ritmo imposto pelos avanços tecnológicos não é tarefa fácil, sobretudo quando esse ritmo afeta diretamente a cultura e a estrutura organizacional das empresas.
Automação de processos, sistemas e ferramentas digitais e inteligência artificial generativa já são recursos presentes na realidade de muitas organizações no mundo. Isso tem trazido novas perspectivas para o futuro do trabalho.
A globalização, fenômeno igualmente impulsionado pelos avanços tecnológicos, expandiu-se e ampliou o alcance da conectividade na comunicação internacional em tempo real. Isso foi de extrema importância durante a pandemia COVID-19. Além de viabilizar a colaboração internacional entre empresas, governos, instituições acadêmicas e sociedade civil, ela abriu precedentes na adoção do modelo de trabalho remoto como alternativa para lidar com as medidas impostas pela crise sanitária.
Esse cenário retratou a grande capacidade de adaptação e resiliência de muitas organizações e profissionais que souberam aproveitar o momento de desafios sem precedentes imposto pela pandemia para ressignificar o trabalho. A corrida pela adaptação a sistemas digitalizados, a flexibilidade de horários impulsionada pelo trabalho remoto, a valorização do cuidado com a saúde mental tão fragilizada pela crise, a criação de novas formas de trabalhar através da Gig Economy são alguns exemplos disto.
Como resultado, é notável o profundo impacto que a pandemia causou no mundo do trabalho. Atualmente, abordar temas, como flexibilidade de horários, saúde e bem-estar dos colaboradores e inserção no universo tecnológico, vem caracterizando o momento de adaptação vivido pelas organizações nessa nova realidade pós-crise. Essa fase de transição, marcada pelas transformações tecnológicas, sociais e econômicas está impulsionando empresas e profissionais a “recalcularem” novas possibilidades de funcionar e atuar. Com isso, algumas tendências estão se estabelecendo e trazendo novas perspectivas para o futuro do trabalho.
Pode-se dizer que a retomada do trabalho 100% presencial é um exemplo bem adequado que ilustra a necessidade de “recalcular”. Esse modelo, além de confrontar com a necessidade dos colaboradores em dispor de maior flexibilidade de horários para favorecer o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, colaborando, assim, com seu bem-estar e qualidade de vida, é igualmente criticado no âmbito da sustentabilidade ambiental, por não atender aos critérios de redução de impactos ambientais provocados pelo alto consumo de energia e pelas emissões de carbono resultantes do deslocamento diário dos funcionários.
Apesar da oscilação de contextos, algumas tendências serão provavelmente mantidas ou mesmo aprimoradas. Entre elas estão:
Flexibilidade de horários: com a experiência do trabalho remoto, a flexibilidade de horários mostrou-se uma grande aliada da motivação, engajamento e bem-estar dos colaboradores;
Trabalho híbrido em ascensão: modelo de trabalho que melhor atende as necessidades dos colaboradores e os objetivos das organizações;
Semana de 4 dias de trabalho em discussão: muitas empresas do âmbito internacional já vêm utilizando esse formato;
Prioridade na saúde e bem-estar dos colaboradores: com ênfase na saúde mental;
Habilidades emocionais e técnicas em alta (soft e tech skills);
Expansão da Gig Economy: alternativa econômica da era digital que vem atendendo um número crescente de profissionais independentes;
Destaque para os debates ESG (Environmental, Social and Governance): referenciando o conjunto de padrões e boas práticas que visa definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada;
Maior investimento em capacitação dos colaboradores (lifelong learning, upskilling e reskilling): tanto para o desenvolvimento pessoal e profissional, como para desenvolvimento de habilidades já existentes e, também, requalificação de pessoal para assumir novas responsabilidades;
Destaque para inteligência artificial generativa, machine learning e internet das coisas, além da automação de processos e sistemas digitais;
Maior demanda por profissionais da área de tecnologia da informação.
Essa lista robusta ilustra de forma concisa muitos dos desafios que as organizações poderão enfrentar nos próximos anos. Obviamente, alguns pontos receberão maior atenção que outros, mas o importante é recordar o grande aprendizado deixado pela pandemia: todo e qualquer desafio pode ser transformado em oportunidade de sucesso, desde que a tecnologia seja tratada como aliada e facilitadora. Afinal, tudo leva a crer que o viés tecnológico continuará sendo o carro-chefe do futuro do trabalho.