Recursos Humanos
Como a saúde e o perfil comportamental impactam o desempenho dos colaboradores?
Natália Ribeiro
em
10 de jun. de 2024
O ambiente de trabalho é o local onde os profissionais dedicam grande parte do seu dia. Atingir metas, melhorar seu desempenho, manter-se motivado e engajado, enfim, cumprir com todas essas demandas e ainda gozar de boa saúde e ter satisfação com a atividade que executa, parece ser uma utopia para muitos trabalhadores. No entanto, organizações, que têm investido em tecnologia, saúde e bem-estar, estão tornando isso uma realidade.
A substituição de parte do trabalho humano por sistemas digitais e automação de processos tem criado uma nova perspectiva para os trabalhadores. Ser alocado em funções que se alinham com suas habilidades e permitem desenvolver suas potencialidades parece ser um ponto que impacta positivamente a saúde, o comportamento e consequentemente o desempenho desses profissionais.
Frente a esse novo cenário, um grande desafio emerge: identificar tendências na linha tênue que existe entre saúde, perfil comportamental e desempenho. Nesse sentido, é fundamental que os gestores de Recursos Humanos (RH) façam uma abordagem criteriosa e estratégica que identifique e permita compreender como a saúde e o perfil comportamental se inter-relacionam e se influenciam mutuamente e como impactam o desempenho no trabalho para, assim, tomar decisões mais assertivas na prevenção e acompanhamento dessas situações.
A saúde, por exemplo, conceituada como um estado de bem-estar físico, mental e emocional, livre de qualquer disfunção e doenças, é o motor propulsor para que qualquer indivíduo desempenhe comodamente suas atividades dentro e fora do ambiente de trabalho. Porém, qualquer situação que interfira e modifique uma dessas condições, alterará o estado geral de saúde desse indivíduo. Caso o grau de comprometimento ocorrido não limite fisicamente a execução das tarefas, esse indivíduo seguirá trabalhando, independe de seu padecimento. Este é apenas um exemplo simples de um cenário que, além de presente na rotina laboral de muitos colaboradores, é bem adequado para identificar um possível disparador de mudança de comportamento, que incidirá significativamente sobre o seu desempenho.
Nesse contexto, ganha destaque uma ferramenta que vem sendo pouco a pouco inserida na rotina de trabalho de gestores de RH, preocupados em acompanhar mais de perto a saúde e o desempenho de seus colaboradores: a avaliação do perfil comportamental. Essa ferramenta permite identificar e analisar traços de personalidade que determinarão tendências na forma de agir, reagir e interagir do indivíduo em diferentes situações da vida, proporcionando uma compreensão mais aprofundada de suas características individuais.
Existem diversos testes de avaliação do perfil comportamental. Entre os mais populares, estão:
Eneagrama, que aponta nove de traços de personalidade e seus respectivos aspectos positivos e negativos, e orienta como reconhecer e fortalecer os positivos e trabalhar os negativos.
Metodologia DISC, que determina os níveis de Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade (na sigla em inglês);
STAR, que descreve o comportamento diante de um contexto passado através de comentários sobre a Situação, Tarefa, Ação e Resultado;
PDA (Personal Developpment Analysis ou Análise de Desenvolvimento Pessoal), que aponta os pontos fortes e os que carecem de desenvolvimento
Big Five, que avalia cinco fatores comportamentais (acomodação, consolidação, extroversão, originalidade e estabilidade).
Em se tratando da inter-relação entre saúde e perfil comportamental, um exemplo prático no ambiente de trabalho que ilustra como a análise de perfil pode oferecer insights valiosos na identificação de disparadores que interferem no desempenho de um profissional é a síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional.
Aqui, vale uma aclaração: segundo a última atualização da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), ocorrida em janeiro/2022, a síndrome de burnout passou a ser definida como um transtorno ocupacional.
Gordon Parker, psiquiatra e professor da Universidade de New South Wales, na Austrália, especialista em saúde mental e transtornos de humor, sugere que pessoas com traços de personalidade perfeccionista estão mais propensas a desenvolver esse transtorno. Segundo ele, esse perfil estabelece padrões rígidos e irrealistas para seu próprio desempenho, que terminam sendo impossíveis de cumprir.
Este é um bom exemplo para demonstrar como a análise de perfil pode ser usada de forma estratégica para criar medidas de prevenção em saúde e melhoria de desempenho, beneficiando todas as partes da engrenagem produtiva.
Além da importante aplicação para identificar pontos que impactam o desempenho dos colaboradores quanto à sua saúde e comportamento, a análise de perfil também é usada para favorecer escolhas mais informadas no processo de recrutamento e seleção e auxiliar os gestores de RH em tomada de decisões mais assertivas em programas de desenvolvimento de talentos.
Considerando a íntima relação existente entre saúde, perfil comportamental e desempenho, cabe aos gestores de RH encontrarem soluções que melhor atendam a realidade de seu time e de sua empresa, lembrando sempre que um colaborador cuidado, valorizado e respeitado em suas características individuais, é um grande candidato a se tornar um talento.